quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Ministério da Educação vai padronizar nomes de cursos de Engenharia


Medida pretende "enxugar" as 258 diferentes denominações hoje existentes. Engenharia Civil deve ser a menos afetadaRenato Faria
O Ministério da Educação (MEC) vai reduzir a quantidade de denominações de cursos de graduação em Engenharia brasileiros. A proposta do MEC, que deve ser revista nos próximos meses, é condensar os cerca de 258 nomes em apenas 22. A lista final deverá ser apresentada até o final deste ano.
A proposta do MEC, que será aplicada também a outras áreas do conhecimento, visa uniformizar as denominações dos cursos de Engenharia. Para o Ministério, existem muitos cursos com conteúdo e perfis de formação parecidos, mas com nomes diferentes. O prazo de consulta pública sobre a proposta encerrou-se na última quarta-feira, dia 5 de agosto. O prazo exíguo de pouco mais de um mês e o período de divulgação da proposta - nas férias escolares de julho - foram objeto de crítica de representantes acadêmicos e profissionais da área.
O Instituto de Engenharia (IE), junto com escolas de engenharia paulistas, divulgou no início do mês um Manifesto solicitando a prorrogação do período de consulta pública até o dia 30 de setembro. Segundo o grupo, o prazo apertado teria prejudicado uma discussão mais completa sobre o tema.
Os assinantes do Manifesto concordam, em princípio, com a iniciativa do MEC, mas ressaltam a necessidade de analisar a proposta mais detalhadamente. A preocupação é que, com uma nova sistemática mal discutida, poderia haver distorções que afetassem os registros e o próprio exercício profissional, além de demandar modificações nas grades curriculares dos cursos de engenharia e do perfil dos profissionais.
O Instituto de Engenharia e representantes de universidades paulistas se reuniram com representantes do MEC na última quinta-feira, dia 6. Segundo o presidente do instituto, Aluizio de Barros Fagundes, o grupo participará do comitê que definirá a lista final de nomes de cursos de Engenharia. Até o final de setembro será elaborado um relatório com sugestões de melhoria na proposta apresentada pelo MEC. "Creio que esse número - 22 nomes - é um pouco exagerado para baixo. Nosso relatório deverá sugerir uma quantidade de denominações maior do que a lista apresentada pelo MEC, mas sem dúvida bem abaixo dos atuais 258 cursos de graduação existentes", explica Fagundes. "No Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) temos 98 atribuições diferentes em Engenharia".
Segundo Fagundes, a iniciativa do MEC tem o objetivo claro de acabar com os "cursos de ocasião". "Essa é uma preocupação antiga das escolas de engenharia tradicionais. Por isso, afirma, o apoio de nomes como a Universidade de São Paulo, a Universidade Mackenzie, o Centro Universitário FEI (Faculdade de Engenharia Industrial) e o Instituto Mauá de Tecnologia.
Se confirmada, a condensação dos nomes dos cursos de engenharia deverá exigir a mudança da grade curricular nas faculdades e universidades. "A Engenharia Civil será a menos afetada", afirma Fagundes. "Mas a Engenharia Automotiva, por exemplo, é uma Engenharia Mecânica especializada no desenvolvimento de automóveis. Portanto, deve-se discutir se é necessário mesmo diferenciar esses cursos", explica Fagundes, antecipando parte da discussão do grupo. De acordo com o presidente do IE, merecerão atenção também especialidades como Engenharia Ambiental, Engenharia Mecatrônica e Bioengenharia.

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